Na matemática um único traço transversal sobre o sinal de igualdade resume o sinal de diferença, porém na língua portuguesa, não só um sinal ortográfico torna as palavras distintas. As variações semânticas e culturais são maiores do que as sintáticas e fonéticas. Surge, pois, a pergunta: ACORDO ORTOGRÁFICO, PARA QUÊ?
A nova ortografia adotada pela pátria do verde-amarelo abrange tais mudanças: abolição do trema, guilhotina aos acentos das palavras como vôo, lêem, heróico... Fogueira ao hífen e incorporação das letras k, w e y.
Os mais leigos perguntam-se: qual o objetivo de tal reforma? E os especialistas rebatem com o argumento de transformar a língua portuguesa em uma “ciência exata”, de tal forma que lingüiça (sem o trema), tenha a mesma escrita em Portugal, Angola, Guiné, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. O problema está no fato que a unificação lingüística não garante unificações diplomáticas.
Mas é óbvio que nem tudo é tão fácil. Portugal é um dos que enfrenta o acordo. Ou porque é conservadorista político ou porque as pressões por parte das grandes editoras é intensa, já que não tem interesse em modificar seus arquivos (seria um grande trabalho!).
As unificações sintáticas auxiliariam no intercâmbio de material didático e científico, além de evitar os gastos com publicações de várias versões de uma mesma obra. Talvez o maior problema resida no fato da reimpressão de livros que já se encontrariam em estoque. Tal “dinheiro extra” poderia ser utilizado para minimizar problemas mais urgentes, tais como: o déficit na educação, o tumor na saúde pública, a tsunami de desabrigados com as enchentes, a fome, entre outros.
“Me espanta que tanta gente minta/ (descaradamente) a mesma mentira/ todos iguais, todos iguais/ mas uns mais iguais que os outros.” Como diz os Engenheiros do Hawaii , não será uma simples reforma ortográfica que aproximará os países que falam português, até porque existem “desacordos” que são muito mais complexos do que os “desacordos” ortográficos(religião, forma de governo, interesses externos..).
domingo, 5 de julho de 2009
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